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O sistema de periódicos de acesso livre é disruptivo?

O termo é muito mais conhecido em inglês (disruptive) do que em português e seu uso tem se popularizado principalmente devido a ideia de tecnologia disruptiva. Mas qual o seu significado? Na língua inglesa, disruptivo é o que rompe, desordena ou interrompe o progresso ou a atividade normal de algo. Dentro desse parâmetro, tecnologia disruptiva é aquela que não propõe mudanças revolucionárias, mas que preenche lacunas ignoradas pelas tecnologias anteriores, passando a dominar tais nichos de atuação.

No modelo de Clayton Christensen de inovação disruptiva, a complicação e o alto custo são a situação atual e uma inovação desse tipo surge para transformar o mercado já existente, introduzindo quatro novos aspectos: a simplicidade, a conveniência, a acessibilidade e a viabilidade econômica. Trazendo essa ideia para o mercado das publicações acadêmicas, vivemos em um contexto no qual os periódicos tradicionais, que antes dominavam o mercado e lucravam muito, agora têm que lidar com a concorrência que os periódicos de livre acesso representam. Mas seriam eles disruptivos?

O livre acesso como disrupção

Os periódicos de livre acesso não só impuseram uma acirrada concorrência aos periódicos acadêmicos tradicionais, como trouxeram alguns aspectos disruptivos a esse mercado. O sistema de livre acesso é mais conveniente, acessível e economicamente viável, pois utiliza a internet como principal meio de publicação e circulação. Isso facilita não só a popularização do conhecimento com relação aos leitores de ciência, mas permite que os próprios autores tenham acesso a um grande número de trabalhos, além de fazer com que os artigos desses cientistas sejam mais conhecidos e consequentemente tenham um impacto maior.

Apesar desses benefícios, as publicações de livre acesso ainda falham em termos de simplicidade. Uma das principais causas é o fato de elas não possuírem uma identidade bem definida, com procedimentos padronizados que estabeleçam os processos de produção.  Nesse sentido, os periódicos tradicionais ainda ganham mais aceitação, pois apesar dos altos custos,  já possuem um sistema estabilizado.

Novas dinâmicas e desafios

Além do questionamento em torno da simplicidade, os periódicos de livre acesso sofrem certa pressão por serem uma ideia relativamente recente que se popularizou muito rapidamente. O problema é que o sistema ainda não conseguiu estabelecer um bom modelo de negócio, atraindo a credibilidade necessária para conquistar o prestígio do modelo tradicional. Em contrapartida, a acessibilidade conferiu mais poder aos autores dentro do processo editorial. São deles algumas das principais pressões a esse novo modelo, que incluem mais agilidade ao sistema de revisão por pares e maior transparência editorial.

As publicações de livre acesso não são, no entanto, a única disrupção no mundo acadêmico. O modelo de cursos MOOC (do inglês Massive Open Online Course) também trouxe inovação e tem provocado impactos no mercado. O MOOC desafia o domínio das instituições de educação superior na condição de detentoras do conhecimento, o que lhes permite cobrar altas taxas dos estudantes (no caso de instituições particulares).

Para além do fator econômico, o MOOC facilita o acesso do público ao conhecimento, diminuindo distâncias e estimulando mudanças no sistema tradicional de educação superior. É cedo para saber quais impactos esses modelos de disrupção tecnológica ainda trarão ao mundo acadêmico, mas o fato de permitirem maior acesso e circulação do conhecimento já tem lhes garantido grande aceitação.

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