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Periódicos de acesso livre representam uma ameaça a publicações acadêmicas mais antigas

Já há muitos anos os chamados periódicos antigos, aqueles mais tradicionais, dominam o circuito de publicação acadêmica em âmbito internacional. Como publicado em artigo recente do site EdTech, as duas maiores editoras do ramo de publicação acadêmica, a Elsevier e a Springer, tiveram juntas uma receita de 4,7 bilhões de dólares em 2013 (3,5 bilhões e 1,2 bilhões, respectivamente) de acordo a relatórios anuais divulgados pelas próprias empresas, o que mostra o quanto os periódicos lucram.

Do outro lado da equação estão as universidades, maiores responsáveis por estes lucros, uma vez que a maior parte da receita dos periódicos vem de pacotes de assinatura de instituições de ensino e pesquisa, que agora começam a rever os altos gastos com submissões e acessos. Para se ter uma ideia, a publicação de um único artigo num periódico de ponta pode chegar a dez mil dólares. Em relação aos altos custos, as empresas responsáveis pelos periódicos afirmam que elas chegam a gastar até quatro mil dólares em custos de edição para publicar um artigo. A garantia do alto investimento é o maior respaldo que a pesquisa publicada recebe quando veiculada pelos periódicos de maior destaque, o que reflete positivamente na carreira do pesquisador e da instituição a qual pertencem.

Porém, estudos já apontam que nem sempre gastar tanto para publicar nestes periódicos é garantia de retorno e que menores investimentos para publicar em periódicos de acesso livre podem dar até mais resultado em determinadas ocasiões. Através de estruturas administrativas alternativas, os periódicos de acesso livre conseguem diminuir drasticamente os custos de editoração, economia que é repassada àqueles que submetem artigos para publicação através da redução das taxas de submissão. Outra vantagem é que o acesso livre ao conteúdo dos periódicos permite maior disseminação do mesmo, aumentando as chances de que os artigos publicados sejam citados.

Este modelo administrativo alternativo abrange desde casos de gestões de empresas sem fins lucrativos até casos de periódicos de acesso livre mantidos por meio de doações. Cortes de gastos significativos são feitos ao diminuir-se os gastos com publicidade e com o acompanhamento da avaliação por pares (dois dos aspectos mais dispendiosos do processo editorial), e também ao se eliminar as versões impressas dos periódicos. Diante das muitas críticas ao modelo de publicação acadêmica atual, os periódicos de acesso livre têm ganhado cada vez mais espaço nos últimos anos, sendo que em 2011 observou-se que 11% de todos os artigos científicos publicados mundialmente foram veiculados em periódicos de acesso livre.

Como o artigo da EdTech ressalta, organizações ligadas a pesquisa nos Estados Unidos e países da União Europeia estão aderindo aos periódicos de acesso livre, engrossando o coro em prol deste tipo de publicação acadêmica. A grande questão que se coloca como empecilho à maior expansão dos periódicos de acesso livre é a falta de um modelo alternativo ao atual processo de revisão por pares que seja capaz garantir a eficiência do mesmo como ele é realizado nos periódicos comerciais.

Como já foi dito, o processo de acompanhamento da avaliação através de revisão por pares é um dos aspectos mais custosos da publicação acadêmica, e para diminuir os custos neste ponto ainda não há uma única solução. Enquanto alguns periódicos trabalham com equipes totalmente voluntárias, outros contratam equipes através de doações ou outras formas de obtenção de recursos. Mas uma opção que tem se destacado e talvez a que crie maior polêmica seja a revisão por pares pós-publicação, método no qual o artigo é publicado e depois avaliado pela própria comunidade científica. Aqui é explorado o potencial da internet para formar redes sociais colaborativas, usando isso em prol da ciência. Muitos rechaçam o modelo por sua falta de critérios específicos de avaliação e controle, enquanto outros exaltam seu caráter inovador. Seja como for, as alternativas oferecidas pelos periódicos de acesso livre possuem adeptos em várias frentes e deve comprometer seriamente os lucros dos periódicos de modelo comercial nos próximos anos.

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