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Principais razões por trás do crescimento da publicação de pesquisas errôneas

Fato número 1: Nunca, no âmbito científico, se produziu nem foram publicados tantos trabalhos de pesquisa como atualmente. Fato número 2: nunca tantas pesquisas foram produzidas com resultados falhos como atualmente. Há pesquisas científicas que inclusive evidenciam os dois fatos, e, enquanto o primeiro é uma vitória dos avanços da Ciência nos últimos tempos, o segundo demonstra que o campo acadêmico precisa rever seus métodos de produção e legitimação de resultados. Os problemas que levam à produção e publicação de pesquisas errôneas, no entanto, são complexos e variados, impondo um grande desafio ao campo na atualidade. A seguir, confira algumas das razões que ajudam a entender esse contexto.

1) A cultura do “publicar ou perecer”: esta talvez seja a razão mais comentada e atacada para muitos dos problemas enfrentados por pesquisadores acadêmicos atualmente. Para aumentarem suas chances de conseguir fundos para pesquisa, progredir profissionalmente ou até mesmo para manterem seus empregos, pesquisadores precisam publicar resultados de pesquisa em periódicos acadêmicos numa lógica em que muitas vezes conta mais a quantidade que a qualidade da produção. Quem não publica corre o risco de ficar profissionalmente estagnado, por isso o termo cultura do “publicar ou perecer”, que no Brasil também é denominada de cultura do “produtivismo acadêmico”, já que impõe à Ciência uma lógica de produção própria à indústria. A consequência mais imediata desta cultura distorcida é a publicação de resultados de pesquisas pouco relevantes ou que não foram testados o suficiente, sendo portanto falhos.

2) Não há tempo suficiente para testar resultados: como dito no tópico anterior, a pressão para publicar muito e em curtos espaços de tempo faz com que muitos pesquisadores não testem seus experimentos com o rigor que deveriam antes de publicar resultados, o que incorre em negligência. A principal consequência disso – em especial para a área das Ciências Biológicas e outras que envolvem experimentos práticos – é a impossibilidade de reproduzir muitos dos experimentos cujos resultados são publicados em periódicos acadêmicos.

3) Dados aprofundados sobre as pesquisas ainda são pouco divulgados: outro problema que contribui para que experimentos não possam ser reproduzidos – e por isso não tenham validade científica – é a falta de divulgação dos dados completos das pesquisas publicadas. A importância da divulgação destes dados é assunto que também tem sido muito debatido na atualidade e muitos pesquisadores e instituições de pesquisa defendem como solução viável a criação de bancos de dados públicos para resolver este problema.

4) Periódicos acadêmicos para todos os gostos e níveis de qualidades: embora sejam bastante rigorosos no que tange a seus critérios de publicação, até mesmo periódicos de renome internacional podem vir a publicar estudos errôneos, embora não seja o comum. O problema é que atualmente, com a facilidade de se publicar apenas no meio digital, existe uma infinidade de periódicos acadêmicos – e muitos de qualidade duvidosa – nos quais pesquisadores podem publicar apenas para aumentar o volume de sua produção científica. No contexto internacional, no qual é comum a cobrança de taxas para publicação, há periódicos que publicam qualquer artigo submetido mediante o pagamento destas taxas (os chamados periódicos predadores). Essas práticas aumentam consideravelmente o índice de publicação e difusão de pesquisas errôneas e servem como um alerta para que pesquisadores avaliem bem a fonte de publicação quando forem citar trabalhos de pesquisa.

5) O universo infinito da internet: mas diante de tantas variáveis que comprometem a qualidade da produção acadêmica o ideal não seria criar formas de controlar este aspecto? O problema é que atualmente a circulação maciça da produção acadêmica ocorre via internet, sendo impossível controlar a qualidade de tudo o que é produzido e publicado. Logo, numa realidade em que a produção é tão variada, numerosa e fragmentada, cabe aos próprios pesquisadores checarem bem a qualidade de suas fontes e denunciarem publicações errôneas, e, principalmente, periódicos predadores.

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