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Como orientar a próxima geração de pesquisadores acadêmicos?

O questionamento do título parte de artigo publicado no periódico online australiano The Age National, intitulado (em livre tradução): “Orientando a próxima geração de pesquisadores científicos”. Já em sua primeira frase, o autor do texto indica bem como funciona o atual contexto de formação inicial do pesquisador acadêmico: “A maioria dos estudantes de Ciência não produz pesquisa original, por eles concebida, até atingirem fases mais avançadas do curso de graduação”. O autor parte desta constatação para então narrar a história de Kathy Chang, uma estudante da subdivisão da escola de ensino médio Univeristy High School, a Elizabeth Blackburn School of Sciences. Kathy desenvolveu uma relevante e inovadora pesquisa sobre o manuseio de lentes de contato pensada para ajudar a comunidade. Para realizar tal pesquisa, a estudante contou com a orientação de perto de um pesquisador acadêmico sênior, a pesquisadora doutora Laura Downie, segundo a qual o programa através do qual Kathy pôde desenvolver sua pesquisa é “uma forma de inspirar a próxima geração de pesquisadores”.

Engajar é preciso

O relato do artigo demonstra que para o sucesso da pesquisa de Kathy foi necessária a disposição da estudante e também a orientação empenhada da doutora Downie, que deu à aluna suporte e indicações valiosas sobre como melhor conduzir a pesquisa, mas sem comprometer a autonomia de Kathy. Mas então, qual é a melhor forma de orientar a próxima geração de pesquisadores acadêmicos?

O artigo do The Age National não apresenta conclusões definitvas, mas os pontos que enfatiza dão claros direcionamentos sobre a questão. Fica claro ao longo do texto que, para se renovar, o meio acadêmico precisa engajar estudantes ainda cedo, mostrando-lhes que a Ciência – em seus diversos segmentos – precisa ser apresentada aos mais jovens como um fazer ligado à resolução de problemas práticos, caso da pesquisa de Kathy. Deixando o contexto particular do ensino médio na Austrália, seja ainda no ensino médio ou nos primeiros semestres da faculdade, o caso de Kathy mostra que pode haver engajamento de jovens estudantes na pesquisa científica muito antes de que tenham que apresentar um trabalho de final de curso na graduação.

O contexto brasileiro – bolsistas PIBIC

No Brasil, este engajamento de alunos com a pesquisa ainda em estágios de formação mais iniciais se dá principalmente através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O principal objetivo do programa é “despertar vocação científica e incentivar novos talentos entre estudantes de graduação”, como consta na página do CNPq dedicada ao mesmo. Um importante diferencial do PIBIC é que ele oferece bolsa aos alunos que participam do programa, o que lhes permite não precisar dividir o tempo das atividades de iniciação científica com um estágio profissional por razões financeiras.

Os bolsistas são selecionados por um orientador, com quem trabalharão em projetos dentro de sua grande área de formação e sub-área de interesse. No caso de docentes que participem ativamente de grupos de pesquisa, os bolsistas PIBIC têm ainda a oportunidade de entrar em contato com alunos em diferentes estágios de formação, o que lhes permite aprender os desafios que encontrarão pela frente em sua trajetória profissional e os pormenores da vivência do pesquisador acadêmico.

Mas independente das variadas estratégias dos diferentes programas de engajamento de jovens cientistas ao redor do mundo, o principal ponto da matéria do The Age National parece ser mesmo ressaltar a importância de o orientador dar autonomia ao pesquisador acadêmico jovem – ainda que com acompanhamento próximo – de modo a mostrar que este, como cientista, pode contribuir ativamente com seu trabalho de pesquisa. Este parece ser o segredo para a renovação do meio acadêmico e também para uma melhor orientação das próximas gerações de pesquisadores.

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