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Revisão por pares duplamente anônima é ruim para publicações acadêmicas?

A revisão por pares é certamente o método de avaliação mais difundido e respeitado no universo das publicações acadêmicas, tanto no contexto internacional quanto no Brasil. Ela consiste geralmente na avaliação por parte de pesquisadores especialistas nos temas propostos pelos artigos submetidos aos periódicos, avaliação esta que costuma ser feita de modo voluntário para evitar conflitos de interesses. A revisão por pares pode ser unilateralmente ou duplamente anônima: enquanto no primeiro caso a identidade dos avaliadores é ocultada dos autores dos artigos – embora o inverso não ocorra -, no caso da revisão por pares duplamente anônima os dois lados são ocultados um do outro; logo, autores desconhecem seus avaliadores e avaliadores desconhecem os autores cujos trabalhos estejam avaliando. Mas ainda que a revisão por pares duplamente anônima seja tida como um método menos tendencioso que o método unilateralmente anônimo, ela também apresenta prós e contras.

Os prós da revisão por pares duplamente anônima…

Como já dito, a a class=”text-link” style=”border-bottom: none!important;” title=”Serviço de Revisão por Pares” href=”http://www.enago.com.br/206.htm” target=”_blank”>revisão por pares duplamente anônima se propõe a ser menos tendenciosa, uma vez que os avaliadores desconhecem os autores dos artigos e precisam avaliá-los apenas a partir da qualidade do
material apresentado. Este tipo de avaliação evita, por exemplo, que um artigo de baixa qualidade de um pesquisador já renomado seja publicado em respeito ao legado do mesmo. Também evita que trabalhos de pesquisadores conhecidos dos avaliadores ou com maior titulação ou que ocupem cargos mais influentes sejam beneficiados em detrimento de trabalhos melhores de outros pesquisadores que não se enquadram nesta cadeia de privilégios. Estes aspectos aqui pontuados fazem desta modalidade de revisão por pares um formato ideal de avaliação isenta, porém, na prática outros fatores podem entrar em jogo e comprometer o ideal de isenção total deste método de avaliação.

… E os contras

Uma das principais questões do duplo anonimato proposto por este método de revisão por pares é que nem sempre a autoria pode ser apagada de um texto. Há de ser levar em consideração que marcas de autoria acadêmica como estilo de texto, corpus de análise e questões de pesquisa podem ser suficientemente específicas para “denunciar” a autoria de um artigo, ainda que o nome do autor não esteja lá. Isso ocorre principalmente nos casos em que trata-se de um assunto ou objeto pouco pesquisado ou um nicho com poucos especialistas.
Há ainda outros filtros que podem ser criados de modo a revelar parte da identidade dos autores que submetem artigos mesmo no processo de revisão por pares duplamente anônima. Isso é comumente feito por periódicos que limitam a titulação dos pesquisadores que podem submeter trabalhos (ou ao menos do principal autor), reduzindo o escopo a doutorandos e doutores, e às vezes até mesmo só a doutores. Nestes casos, ainda que o nome do autor esteja sigiloso, o mesmo não ocorre com sua titulação acadêmica.

Outra questão mais complexa dá-se pelo fato de que o anonimato dos autores na revisão por pares duplamente anônima impede que os avaliadores possam identificar possíveis conflitos de interesses no tema de pesquisa ou abordagem do autor em relação à posição que o mesmo ocupa profissionalmente, o que pode permitir a publicação de uma pesquisa de cunho tendencioso. Nestes casos, o anonimato do autor pode até mesmo ser prejudicial ao processo de avaliação. Tal prejuízo também ocorre dado o fato de que o autor não pode citar-se abrangentemente no corpo do trabalho para não “denunciar” sua autoria, o que pode impedi-lo de fazer conexões entre descobertas anteriores suas e os resultados que está apresentado na nova submissão, empobrecendo a pesquisa.

Estes contras não necessariamente indicam que o método de revisão por pares duplamente anônima seja totalmente negativo, mas apontam deficiências que podem ser melhoradas dentro do processo e casos em que talvez o método de revisão por pares unilateralmente anônimo seja mais indicado.

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