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Publicar em Megajournals é bom ou ruim para os pesquisadores?

Mesmo que sejam uma tendência acadêmica que ainda não chegou ao Brasil, os megajournals – ou megaperiódicos, numa tradução literal – são uma novidade recente no mundo acadêmico internacional e estão provocando mudanças nos hábitos de publicação dos pesquisadores. Para quem não conhece este tipo de publicação, os megajournals são periódicos online de livre acesso que cobrem várias áreas de conhecimento – ou subáreas de uma mesma área – e cujas publicações não estão submetidas aos mesmos critérios rigorosos de avaliação que os dos periódicos tradicionais. Isso significa que, para ser aceito, o crivo mínimo dos artigos submetidos a megajournals é utilizar-se do método científico de análise.

Porém, como toda novidade, essa está trazendo bastante agitação e causando discussões acaloradas entre pesquisadores, uns que acham que este é o futuro da publicação acadêmica e outros que acham que falta rigor a este tipo de publicação para que possa substituir os periódicos tradicionais.

Vantagens dos megajournals

Existe uma questão política forte por trás da defesa que muitos pesquisadores – inclusive alguns bastante renomados – fazem aos megajournals. Esta razão seria a quebra do monopólio, por assim dizer, que os grandes conglomerados editoriais detém atualmente sobre o nicho da publicação acadêmica, impondo a pesquisadores e instituições taxas consideradas abusivas e utilizando-se de critérios de avaliação muitas vezes criticados, ainda que realizem a revisão por pares. No caso dos megajournals, as taxas de submissão ou não existem ou são muito baixas se comparadas aos dos periódicos tradicionais, mesmo àqueles que também são periódicos online.

Ainda no quesito taxas, por serem de livre acesso, os megajournals contribuem para aumentar o número de citações dos trabalhos que neles são publicados, dando maior visibilidade às pesquisas. Além disso, este tipo de periódico é menos comprometido com critérios de impacto do conteúdo publicado, permitindo que artigos voltados a nichos de pesquisa considerados mais periféricos também sejam publicados, bem como artigos que não sejam o que há de mais inovador em sua respectiva área ou que apresentem resultados negativos (geralmente descartados por periódicos tradicionais). Por fim, mesmo utilizando o método de avaliação por pares, os megajournals publicam artigos em menos tempo que os periódicos tradicionais, já que um menor número de aspectos é levado em consideração nesta avaliação e, por isso, um menor número de fatores precisam ser ponderados para que a publicação seja realizada.

Críticas mais comuns

Mesmo que o objetivo primordial da Ciência seja produzir conhecimento e disseminá-lo – e os megajournals facilitam a ampliam este processo – muitos pesquisadores temem que a simplificação que estes periódicos online oferecem ao processo de revisão produza e dissemine conteúdos de qualidade duvidosa. Ainda assim, megajournals  como PLoS One (o primeiro e maior deles, lançado em 2006), o Scientific Reports (publicados pelo Nature Publishing Group em todas as áreas das Ciências Biológicas) e o Sage Open, dentre muitos outros, não cessam de expandir-se ao longo dos últimos anos e já são dotados de certo prestígio.

Para pesquisadores mundo afora cuja qualidade da produção científica é geralmente medida pelo fator de impacto dos periódicos nos quais publicam, os megajournals ainda são muitas vezes encarados como uma possibilidade periférica, já que o fator de impacto dos mesmo não é igual aos dos periódicos tradicionais já renomados. Já para pesquisadores brasileiros, cuja produção é avaliada por critérios internos relacionados à classificação dos periódicos dada pela CAPES através do Webqualis, é necessário saber qual o conceito aferido aos megajournals dentro destes critérios. Ainda assim, a maior facilidade de publicar em megajournals e o fato de serem de livre acesso é uma boa oportunidade para que pesquisadores brasileiros marquem presença no meio acadêmico internacional, aumentando a circulação de suas pesquisas e criando novas conexões.

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