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O fator de impacto é realmente importante?

impact-factorUma forma de mensuração da qualidade da contribuição dos pesquisadores popular em todo mundo é a avaliação cíclica das pesquisas realizadas, que muitas vezes leva em conta a qualidade do periódico onde o trabalho foi publicado. No Brasil, tal avaliação é realizada através do sistema WebQualis, da CAPES. Este sistema qualifica periódicos a partir de critérios específicos para cada área e levando em conta aspectos como status da instituição à qual o periódico é vinculado, periodicidade, acessibilidade, número de artigos publicados, impacto na área, indexação em bancos de dados nacionais e internacionais, e outros. Mas em muitos países europeus e nos Estados Unidos os critérios de avaliação da produção acadêmica passam pelo fator de impacto do periódico.

O fator de impacto é um índice de mensuração da qualidade de periódicos (desenvolvido em 1963 pelo ISI – Institute for Scientific Information) baseado no número total de citações que estes receberam ao longo do período de dois anos, logo, o fator de impacto de um periódico em 2013 refere-se às citações que o mesmo recebeu em 2011 e 2012. Quanto mais citado maior o fator de impacto do periódico e sua qualificação em sua área (o índice compara periódicos de uma mesma área entre si); consequentemente, publicar em periódicos de alto fator de impacto reflete positivamente na carreira de um pesquisador, aumentando muitas vezes suas chances de destacar-se em sua área, de progredir profissionalmente e de adquirir financiamentos para pesquisas.

A grande polêmica em relação ao fator de impacto encontra-se no fato de ele representar um índice muito mais quantitativo que qualitativo e que por isso provocaria deformidades na avaliação à qual se propõe. Uma pesquisa publicada pelo Journal of the Medical Library Association, de título Impact factors: arbiter of excellence?, chegou a algumas conclusões interessantes sobre a relação entre fator de impacto e qualidade do periódico. A primeira delas é que, apesar das críticas e das distorções detectadas, quando analisados individualmente os artigos publicados em periódicos de maior fator de impacto foram geralmente bem qualificados. Logo, o índice no geral é capaz de determinar a qualidade dos periódicos a partir de seu conteúdo e é uma forma de mensuração relevante – respondendo à pergunta do título. Em contrapartida, este método de avaliação permite que artigos pouco citados individualmente e publicados em periódicos de alto fator de impacto sejam por isso beneficiados, assim como artigos muito citados individualmente podem ser prejudicados pelo baixo fator de impacto do periódico.

O realizador do estudo, o doutor em Psicologia Martin Frank, alerta também para as distorções no fator de impacto que podem ser provocadas por interesses editorias. Dentre distorções possíveis estão a publicação de um maior número de críticas de obras acadêmicas em detrimento de artigos que apresentam resultados de pesquisa, já que os primeiros tendem a ser mais citados. Alguns periódicos também fazem edições especiais com publicações apenas de grandes nomes de sua respectiva área, a fim de atrais mais citações.

Em sua conclusão, Frank defende que os trabalhos dos pesquisadores sejam avaliados por suas citações individuais e não pelo fator de impacto dos periódicos onde são publicados. E embora a centralidade do fator de impacto como índice de avaliação ainda seja uma realidade, assim como Frank muitos outros pesquisadores e associações o têm questionado e até inclusive procurado diminuir a abrangência do mesmo. A European Association of Science Editors, por exemplo, lançou um comunicado oficial em 2007 recomendando que o fator de impacto deve deter-se à avaliação da qualidade do periódico, não devendo ser levado em consideração para avaliar publicações individualmente nem a trajetória profissional de pesquisadores.

Apesar das críticas, parece que um consenso sobre um método de avaliação que supere o fator de impacto está longe de se tornar realidade no contexto internacional. Ainda assim, é evidente a necessidade que o campo acadêmico sente de promover esta renovação, buscando métodos que valorizem mais a qualidade da contribuição dada por pesquisadores a suas áreas.

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