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Como reconhecer uma boa escrita acadêmica

É certo que o primeiro aspecto que torna um artigo científico atraente aos olhos de outros pesquisadores é o tema de pesquisa, mas uma boa escrita é capaz de valorizar ainda mais uma pesquisa de tema já relevante – assim como uma escrita empobrecida ou no tom errado pode ter efeito oposto. A seguir, alguns exemplos de formas de escrever que indicam uma boa escrita acadêmica.

1) Foco no público

O primeiro ponto para identificar uma boa escrita acadêmica – e, na verdade, boa escrita em geral – é a atenção que o texto dá à compreensão de seus leitores. Um artigo científico deve logo em seu início contextualizar a pesquisa de modo que o leitor saiba quais os objetivos da mesma, de que hipótese ela parte e em qual arcabouço teórico se sustenta. Neste sentido, o pesquisador nunca deve pressupor que seu leitor deduzirá determinados aspectos, mas sim certificar-se que os principais pontos de sua argumentação fiquem claros. A clareza, porém, não deve ser confundida com excesso de redundância ou didatismo, para não comprometer a qualidade do texto ou da leitura. O importante é localizar o leitor em relação ao contexto da pesquisa e o que ele deve esperar da mesma.

2) Contexto coerente

Tão importante quanto situar o leitor em relação ao contexto da pesquisa é apresentar tal contexto de forma coerente, de modo que o leitor não se perca. Para isso, o pesquisador deve construir e apresentar as etapas da pesquisa num quadro de progressão lógica de ideias, conectando fatos, eventos e questões de modo que a complexidade do raciocínio se aprofunde gradualmente. O leitor deve ser capaz de acompanhar o percurso feito pela pesquisa, de onde o pesquisador partiu e onde pretende chegar após percorrer determinado percurso. Como já dito no tópico anterior, o pesquisador deve partir da premissa que o leitor desconhece suas premissas e percurso de pesquisa, posicionando sua argumentação de modo a guiar seu leitor por este processo.

3) Linguagem apropriada

Para além de saber usar os jargões de sua área de pesquisa e de escrever com a formalidade que a academia demanda, o pesquisador deve ter cuidado também no modo como apresenta suas conclusões e descobertas. Isso porque o fazer científico sempre pode ser ampliado ou revisto, apresentando conclusões que contradizem estudos anteriores ou apresentem novos ângulos sobre a questão. Deste modo, não convém apresentar declarações em tom muito definitivo ou muito enfático e as afirmações feitas devem sempre ser bem fundamentadas e apresentar o percurso que as viabilizou. Tal cautela é mais indicada ainda em pesquisas de caráter mais inovador e cujas conclusões ainda precisam ser confrontadas e melhor atestadas para que se tornem amplamente aceitas.

Uma forma de aferir um tom mais adequado à apresentação de suas conclusões e resultados de pesquisa é investir em frases como: “as evidências sugerem que…”; ou “os dados coletados nos permitem inferir”; e outros exemplos de formas de escrever de tom semelhante, que abram margem a réplicas e novas descobertas. Obviamente, você como pesquisador deve enfatizar a relevância de seu trabalho e sustentar as conclusões as quais chegou, mas é sempre importante fugir do tom de que suas descobertas possuem caráter definitivo, o que seria quase que um contrassenso científico.

4) Qualidade deve sobrepor quantidade

Os pesquisadores que lerem seu trabalho estarão interessados tanto nos detalhes do seu processo de pesquisa quanto nos resultados do estudo apresentado. Por isso mesmo, uma boa escrita acadêmica deve apresentar clara e logicamente seu contexto de pesquisa e resultados relevantes, porém, é fundamental balancear estes dois aspectos em seu texto. Seus leitores estarão pouco interessados em ser impressionados por uma descrição impecável de seu processo de pesquisa caso os resultados apresentados lhes pareça pouco relevantes ou mal fundamentados. A união entre o excesso de descrição do processo e pouca fundamentação dos resultados pode inclusive ter efeito oposto ao da clareza almejada e confundir o leitor quanto a relevância da pesquisa.

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