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A diferença entre o Eigenfactor e o Fator de Impacto

A publicação em periódicos é uma importante forma de mensurar o impacto da produção de um pesquisador no meio acadêmico, por isso mesmo os critérios usados para avaliar periódicos são bastante discutidos pelo campo científico. No Brasil essa avaliação é centralizada pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior através do sistema WebQualis, que avalia e qualifica periódicos levando em conta aspectos como periodicidade, número de artigos científicos publicados e indexação, entre muitos outros, além de critérios específicos pertinentes às diferentes áreas de conhecimento.

No contexto internacional, no entanto, não costuma existir uma agência nacional responsável por esta avaliação centralizada e tal tarefa é feita através de índices criados por instituições privadas, caso do fator de impacto e do eigenfactor.

O que é o Fator de Impacto?

Desenvolvido pelo instituto Thomson Reuters, o fator de impacto foi criado em 1963 e é a mais difundida forma de avaliação de periódicos da atualidade em determinadas áreas do conhecimento, como as Ciências Biológicas e suas subáreas. Este índice determina a relevância dos periódicos a partir do levantamento do número de citações por estes recebidos nos dois anos que sucedem o ano base. Assim sendo, quanto mais for citado, maior será o fator de impacto do periódico.

A maior crítica ao fator de impacto é em relação à grande evidência dada a aspectos quantitativos no processo de avaliação, em detrimento da análise da qualidade dos artigos científicos publicados nos periódicos. Muitos pesquisadores alegam que este índice permite que artigos medianos publicados em periódicos de alto fator de impacto se favoreçam das citações recebidas por artigos de melhor qualidade. Outro questionamento é em relação ao fato de alguns periódicos explorarem a publicação de artigos de análise de obras (os reviews) ou de tópicos em voga para alavancar o número de citações, e, conseguintemente, o fator de impacto do periódico. Ainda assim, estudos sobre o fator de impacto tendem a confirmar que os periódicos melhor ranqueados pelo índice são aqueles que apresentam de fato artigos científicos de qualidade, embora as distorções apontadas sejam verificadas.

O que é o Eigenfactor?

Desenvolvido em 2007 por pesquisadores da Universidade de Washington, o eigenfactor utiliza um algoritmo de lógica semelhante ao PageRank do Google e é um índice que se propõe a calcular o impacto total dos periódicos no campo acadêmico a partir do número de citações recebidas e da qualidade das fontes das quais estas citações provêm. Apresentando um cálculo que envolve dados mais densos que aqueles usados para o cálculo o fator de impacto, o eigenfactor utiliza a base do Thomson Scientific’s Journal Citation Reports (JCR) para ranquear os periódicos a partir do número total de publicações que constam no sistema, cujas notas somadas equivalem a 100. O cálculo é feito levando-se em consideração os aspectos mencionados e as particularidades de cada área do conhecimento, logo, trata-se de um índice contextual. A partir do eigenfactor se obtém um outro índice: a influência do artigo. Este índice (mais análogo ao fator de impacto) calcula a qualidade média de artigos científicos de um dado periódico e é obtido ao dividir-se o eigenfactor pelo número de artigos publicados pelo periódico no ano base.

Qualidade versus Quantidade

Os criadores do eigenfactor deixam bem claro que não basta saber quantas citações um periódico recebeu ao longo de determinado tempo, é fundamental saber a qualidade das fontes destas citações. Logo, o eigenfactor se propõe a complementar os dados fornecidos pelo fator de impacto (e utilizando uma base de dados da Thomson Reuters) adicionando o critério qualidade, cuja ausência é tão criticada no cálculo do fator de impacto. A questão é: será que o eigenfactor é capaz de eliminar as principais distorções geradas pelo fator de impacto apenas dando maior ênfase à origem das citações? Ainda que a pergunta por hora permaneça sem resposta, o avanço em direção à qualidade já parece salutar, bem como o surgimento de novos métodos de avaliação.

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