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Especialistas comentam sobre Your Paper, Your Way! – Uma iniciativa da Elsevier

Your Paper, Your Way! – Visão geral

Your Paper, Your Way! (Seu Artigo, Sua Maneira) é um conceito que foi introduzido em meados de 2011 pela Elsevier. Atualmente, muitos periódicos da Elsevier fazem parte deste projeto. “Your Paper, Your Way” (YPYW) permite que os autores submetam seus trabalhos sem uma formatação rígida ou exigência de referência. Ele desafia o cenário atual, onde os pesquisadores despendem muito tempo e esforço na formatação de seus documentos. Muitas vezes, o artigo é rejeitado e os autores são obrigados a repetir o mesmo exercício para atender os requerimentos do próximo periódico. Your Paper, Your Way visa simplificar o processo de submissão e economizar o precioso tempo dos pesquisadores.

Opiniões dos nossos especialistas sobre Your Paper, Your Way!

Esta abordagem pode ser particularmente valiosa se um pesquisador / autor já tiver formatado um artigo para outro periódico, o qual não tenha sido aceito; a submissão para a Elsevier poderá ser feita quase que imediatamente, sem a necessidade de uma reformatação.

No entanto, eu sempre senti que qualquer documento tem mais chances de ser bem recebido, se este for devidamente polido e bem apresentado. Ao desempenhar uma atividade para atender às exigências incomuns, o que poderia muito bem ser um desperdício de tempo, ainda se é recomendado apresentação um documento em um formato com o qual revisores se sentem confortáveis. Por exemplo, mesmo que o espaçamento simples seja permitido, eu usaria o espaçamento duplo, pois é a forma que os editores estão acostumados a ver / trabalhar. A mudança leva apenas um instante em qualquer programa de processamento de texto moderno. Além disso, a consistência nas citações e formatação das referências é crucial, mesmo que estas não coincidam com os requerimentos do periódico desejado. Qualquer outra coisa é conflitante.

Eu aplaudo a flexibilidade da Elsevier sobre este assunto. A menos / até que outras editoras adotem esta abordagem, essa poderá contribuir apenas para a expansão da quantidade de submissões  –  o que por sua vez, poderá ajuda-los a manter seus altos padrões.

(MBA, membro da MENSA, Editor Profissional de Livros e Artigos Acadêmicos, USA)


editor9 Vamos reconhecer que a publicação acadêmica, nos dias de hoje, não é tanto sobre estudiosos compartilhando seus conhecimentos com seus colegas, mas editoras científicas apresentando lucros enormes.

A academia é agora um mundo dominado pela mentalidade empresarial “publicar ou perecer” (publish-or-perish). A Elsevier e outras duas grandes Publicações são proprietárias de 20.000 dos periódicos acadêmicos presentes atualmente no mundo. Então não vamos nos iludir: YPYW! era estritamente uma decisão de negócios.

No bom sentido da coisa, a formatação de um documento não leva muito tempo. Há até mesmo programas como, por exemplo, o Zotero que pode fazer isso. Como um autor já havia comentado: “a formatação das referências não leva não mais que 2% do tempo gasto para se escrever um artigo …” (http://svpow.com/2012/11/27/the-single-greatest-thing-thats-ever-been-said-in-author-instructions/)

Um documento formatado corretamente pode ser mais fácil para os editores e revisores ler e avaliar. As regras de estilo seguem convenções e facilitam a compreensão por parte dos leitores. A prática de citar fontes que influenciaram ou contribuíram para o seu trabalho criativo ainda é fundamental na pesquisa acadêmica. Os autores poderão dizer que as regras de estilo são “misteriosas” ou “ultrapassadas”, ou mesmo afirmar que “eu não sou um secretário”, mas certamente o tradutor / criador de um livro que um autor utilizou em sua pesquisa iria, certamente, que seu trabalho fosse reconhecido. Ao invés de caracterizar tais regras como “pequenos detalhes”, por que não simplesmente pesquisar o nome do autor online e incluí-lo em uma lista de referências?

A iniciativa YPYW é uma grande vitória para a Elsevier, caso os pesquisadores venham a morder a isca. Atualmente, a Elsevier cobra das universidades taxas elevadíssimas para acessar suas revistas, como também encargos aos autores para terem seus artigos publicados, uma vez que aceitos. Ocultado na retórica da Elsevier sobre ser “autor amigável” está um reconhecimento de que o YPYW “nos permite captar, cientificamente, excelentes trabalhos que quase foram aceitos pelas principais revistas generalistas, mas foram considerados demasiadamente especializados para serem aceitos…” Então, mais submissões significa mais dinheiro?

Talvez os estudiosos devessem considerar o boicote da Elsevier organizado pelo estimado matemático inglês Tim Gowers em janeiro de 2012 (http://www.rawstory.com/rs/2012/04/09/scientists-boycott-academic-journals-to-protest-the-high-cost-of-paywalls/). Gowers e alguns de seus colegas tomaram medidas para levantar o véu da publicação acadêmica.

(Doutora em Literatura Comparada, 33 anos de experiência como editora e revisora por pares, EUA)


editor8-104x150A maioria das comunicações e revisões de literatura é feita agora eletronicamente, não havendo mais a necessidade de formatar documentos seguindo uma forma particular. A formatação resultou da necessidade de organizar os documentos de forma lógica e das limitações dos equipamentos de impressão. Devido ao fato que poucos artigos ainda são publicados de forma impressa, se ainda existir, estas restrições impostas ainda não serão tão críticas quanto eram uma vez. No entanto, os artigos ainda precisarão ser apresentados de forma clara e bem escritos para que os revisores possam facilmente ler em seus computadores. Com essa mudança, os cientistas e pesquisadores poderão gastar muito menos tempo formatando seus artigos, concentrando-se mais em suas pesquisas. Não haverá mais necessidade de passar horas inserindo a formatação ou a pontuação correta para as referências. Além disso, bons artigos não serão rejeitados apenas por causa de erros simples de formatação. Nestes últimos tempos, em que é difícil obter financiamento para pesquisas, permitir que cientistas e pesquisadores se concentrem a maior parte de seu tempo em seus estudos, irá ajudá-los a obter os dados que eles necessitam para competir por financiamentos. Conclui-se, então, que as submissões de artigos flexíveis permitirão que os pesquisadores se concentrem mais em seus trabalhos,  ajudando-os a serem mais competitivos em suas áreas.

(PhD em Neurociências, pesquisadora e autora de trabalhos reconhecidos, EUA)


editor12Eu concordo com o conceito do YPYW. Como revisora de artigos de pesquisadores cuja primeira língua não é o Inglês, eu sou frequentemente solicitada para verificar ou configurar a formatação. Apesar do meu significativo domínio do Inglês, acho que muitas instruções de formatação são confusas e ambíguas. A necessidade crescente de publicar a todo o custo (ou risco de perder subsídios e prestígio) levou a uma proliferação de trabalhos submetidos e uma alta taxa de rejeição. Os autores não precisam ser sobrecarregados com requisitos de formatação excessivamente rigorosos, que variam amplamente entre os periódicos, se o seu artigo tem uma chance de rejeição de 80%. Também notei uma tendência entre os periódicos para atingir leitores específicos. Desta maneira, seu artigo poderá ser rejeitado não porque ele é de má qualidade, mas por não atender ao critério de escopo do periódico ou o seu público alvo. Esta situação é composta pelo problema de formatação, especialmente para os pesquisadores não nativos de inglês.

Concordo plenamente com o sentimento sobre YPYW.  No entanto, algumas orientações devem ser implementadas para garantir a clareza e qualidade. Uma vez que os periódicos atendam a estes, YPYW será valioso para os autores e não impactará na legibilidade do periódico ou sobre o trabalho editorial. Por outro lado, se o estilo de um periódico em particular (ex. Physical Review) variar de artigo para artigo, o senso de coerência e consistência podem ser perdidos. Para decidir se este representa um problema, eu gostaria de ver alguns exemplos reais do “Your Paper, Your Way!”.

(PhD em Física e PGDipSc em Ciências Biológicas, Nova Zelândia)


editor11Ao considerar os prós e contras do conceito YPYW é de suma importância verificar que isso não vai reduzir o rigor editorial em que os manuscritos são submetidos antes da publicação. A exigência / preocupação para as publicações científicas e médicas é que elas descrevam e reexamine com precisão investigações ou experimentos, e baseiam-se em princípios científicos sólidos, com a interpretação adequada dos resultados. Em comparação com esses requisitos, o formato que o autor utiliza para fornecer as informações é de importância secundária. Isso não quer dizer que o bom estilo de escrita, layout convencional e ordem de seções em um manuscrito são sem importância, mas que as transgressões menores não devem vir antes de uma nova descoberta ou teoria científica interessante. Portanto, estou motivado que a maioria dos editores diga que os manuscritos YPYW não exijam mais trabalho do que os manuscritos tradicionais e que as irregularidades de formatação poderão ser corrigidas facilmente na fase de composição. Minha opinião é que, enquanto os manuscritos YPYW manterem os altos padrões exigidos para a publicação, esta simplificação do processo de submissão deverá ser considerado por todos os periódicos e editoras.

(Doutor em Patologia Experimental, Membro de várias Associações de Revisores da Nova Zelândia e Austrália, Nova Zelândia)


editor10Uma queixa comum entre os cientistas é que o caminho para a publicação torna-se mais difícil a cada ano. Alguns editores têm oferecido novas opções editoriais (ex. PLoS, Nature) e outros periódicos conhecidos como “famílias” permitem que manuscritos e revisões por pares, incluindo as identidades dos revisores sejam compartilhadas entre os periódicos. Sob este formato, um artigo rejeitado após uma criteriosa revisão por pares pela PLoS Biology, devido a uma baixa pontuação quanto a prioridade poderá ser aceito pela PLoS Pathogens sem um trabalho adicional por parte do autor. Talvez uma inovação ainda mais favorável ao autor foi introduzido pela primeira vez pela Elsevier denominado YPYW. Para o cientista que está sempre ocupado, não ter que reformatar o manuscrito a cada submissão para uma revista é um alívio bem-vindo. Uma vez que um artigo é aceito, aumenta-se o incentivo para melhorar a apresentação do artigo tanto por parte do periódico quanto do autor. Entretanto, existem algumas desvantagens. Algumas revistas preferem diferentes estilos de manuscritos. Por exemplo, dois periódicos importantes da área da biologia celular molecular, The Journal of Biological Chemistry e Journal of Cell Biology, têm escopos sobrepostos, mas geralmente publicam artigos relativamente curtos e longos, respectivamente. Um manuscrito rejeitado por uma dessas revistas poderá se beneficiar através da reescrita do mesmo antes de submeter para a outra. Além disso, algumas revistas como a Science, permitem que as notas de rodapé e referências sejam combinadas. Incorporar ou remover este estilo após a aceitação poderia aumentar a complexidade do processo de publicação de pós-aceitação. No entanto, este e outros novos processos de publicação representam passos importantes para endireitar o caminho muitas vezes sinuoso até a publicação.

(PhD Biologia pela Universidade de Oxford, publicou vários artigos em biologia, EUA)


editor10A prática tradicional adotada pela maioria dos periódicos requer que autores atendam aos requisitos de formatação para uma apresentação / submissão inicial, quando as chances de um artigo ser rejeitado são altas. Esse requerimento impõe uma pressão significativa sobre os autores. Presumivelmente, esta prática tradicional oferece vantagens significativas para os avaliadores / editores e para a subsequente publicação,  após a aceitação. No entanto, penso que a análise da indústria sobre as vantagens e desvantagens desta prática é necessária para entender se esta deve ser mantida ou modificada. Outra potencial vantagem de se adotar um processo mais simples é permitir que os autores incorporem as figuras e tabelas no artigo, nas suas posições originais, o que tornaria o processo de revisão mais simples e de fácil entendimento. As vantagens do processo antigo de submissão são mínimas e que as vantagens do processo proposto conferem uma simplicidade significativa.

Esta nova abordagem irá requerer dos editores um tempo menor, já que esses estão mais interessados ​​na resolução das questões sobre a linguagem e conteúdo para que, assim, se disponibilize um documento que fácil leitura e apresente de forma lógica as justificativas, os procedimentos utilizados, os resultados e a discussão do conteúdo.

(Químico Experiente e Autor de várias Publicações sobre Propriedades Analíticas e Físicas, Vencedor do Prêmio de Excelência Científica, EUA)

 

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