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Programas alternativos além daqueles de acesso livre para pesquisadores

O conhecimento é um tipo de poder que pode mudar realidades desfavoráveis, e, por isso, deve ser acessível a todos. Parece ser esse o ideal comum que guia algumas organizações internacionais cujo objetivo é facilitar o acesso do pesquisador situado em países subdesenvolvidos ao conhecimento produzido em grandes centros, tendo como principais parceiros instituições de ensino e pesquisa de renome mundial e organizações voltadas ao desenvolvimento humano e científico. Ao oferecer um programa de acesso livre a pesquisadores de países periféricos, estas instituições expandem a noção de conhecimento de acesso livre – em voga atualmente – no sentido de contemplar aqueles cujos contexto não propicia que participem deste momento mais intenso de difusão do conhecimento no chamado Mundo Ocidental. Por isso mesmo, muitas destas instituições visam países da África e algumas regiões menos desenvolvidas da Ásia, América do Sul e América Central.

No contexto da pesquisa internacional a noção de acesso livre tem ganhado força nos últimos anos através do rápido crescimento do número dos chamados periódicos de acesso livre, que abolem ou diminuem drasticamente taxas de submissão e acesso ao conteúdo para o pesquisador. No caso das instituições que adotam um programa de acesso livre para países subdesenvolvidos, a noção é replicada para os países contemplados pelo programa, todos caracterizados geralmente pelo subdesenvolvimento econômico e científico. Um dos principais exemplos deste tipo de instituição é a Research4Life, que na verdade agrega quatro programas: o HINARI (voltado à área de Saúde), o AGORA (voltado à área de Agricultura), o OARE (voltado à área do Meio Ambiente) e o ARDI (voltado à área de Desenvolvimento e Inovação). O programa de acesso livre do Research4Life disponibiliza ao todo acesso a 44 mil artigos científicos internacionais, livros e banco de dados e oferece ainda treinamento sobre como interpretar informações e sua necessidade de uso (o chamado information literacy).

Este último item citado, que se refere a oferecer apoio sobre como melhor usar a informação, é um dos principais focos de outros programa de acesso livre, o INASP, que se declara como uma instituição de caridade cujo objetivo é melhorar o acesso, produção e uso da pesquisa acadêmica para que países (leia-se, países subdesenvolvidos) possam ser capazes de resolver seus problemas de desenvolvimento. Umas das principais iniciativas do INASP é o AuthorAID, um programa que permite que um pesquisador num país periférico contemplado pelo INASP possa publicar seu trabalho de pesquisa e promovê-lo no circuito internacional, podendo obter um tipo de visibilidade que seu local de produção jamais lhe permitiria sem este tipo de incentivo.

A preocupação de programas como o Research4Life e INASP com questões que vão além do <a class=”text-link” style=”border-bottom: none!important;” title=”Acesso Livre – Artigos Científicos” href=”http://www.enago.com.br/blog/acesso-livre-artigos-cientificos/” target=”_blank”livre acesso à pesquisa acadêmica e passam fundamentalmente pela formação do pesquisador nos países contemplados reflete a complexidade do tipo de desnível de desenvolvimento que estes programas visam atenuar. Não se trata apenas de oferecer acesso à informação, mas de garantir que haja troca de conhecimento, que é o propósito fundamental da Ciência, e isso passa não só pela formação do pesquisador, como também por questões de infraestrutura, que ainda prejudicam uma maior efetividade destes programas nos países atendidos. Os tipos de fragilidades que buscam ser sanadas também explicam que fatores de subdesenvolvimento justificam a escolha dos países contemplados pelos programas que, apesar de variarem, seguem lógica semelhante.

No caso do Brasil, que representa no cenário internacional um país emergente economicamente e cientificamente num estágio de desenvolvimento muito mais avançado que aquele dos países contemplados por estes programas, os periódicos de livre acesso do contexto internacional continuam sendo uma forma interessante de pautar a pesquisa nacional para além de nossas fronteiras. E por esta razão estes periódicos merecem atenção especial por parte dos pesquisadores brasileiros neste momento em que se expandem rapidamente.

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