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Como Escrever Nomes Científicos de Espécies de Plantas e Animais em Artigos Científicos (Parte 1)

O formato para escrever nomes científicos é padronizado e aceito internacionalmente. O termo “nomenclatura científica” refere-se a vários nomes, de acordo com o campo específico de estudo. Este artigo é o primeiro de uma série sobre nomenclatura científica em áreas específicas.

Normalmente, animais e plantas são identificados por nomes comuns e científicos.
Nomes comuns: são usados em um determinado lugar e podem variar de acordo com a região ou o país.

Nomes científicos: são nomes exclusivos usados pela comunidade científica para identificar de forma precisa e universal as espécies.

Códigos Internacionais de Nomenclatura

Os taxonomistas (especialistas em classificação de seres vivos) estabeleceram vários “códigos” para a nomenclatura científica de espécies. Esses códigos são universais e são periodicamente atualizados por consenso. O protocolo para nomear espécies foi inventado em 1700 pelo botânico sueco Carl Linnaeus, mais conhecido em português como Lineu. Ele criou o sistema de “nomenclatura binomial”, que usa apenas duas designações  gênero e um epíteto específico como o nome da espécie.

Em meados do século XIX, os cientistas entraram em acordo sobre um sistema expandido de nomenclatura. Os seguintes códigos são usados atualmente:

Os nomes comuns das espécies podem variar de acordo com a região geográfica, mas um protocolo universal ajuda a evitar a ambiguidade e garante a consistência.

Hierarquia

Conhecida como “hierarquia taxonômica”, o sistema consiste em vários grupos de espécies baseadas em características genéticas e filogenéticas. O nível mais alto é o “reino”. O primeiro reino comprendia apenas dois tipos de organismos – animais e plantas. O domínio do reino é a sua vez classificado em sete categorias: Bacteria, Archaea, Protozoa, Chromista, Plantae, Fungi e Animalia.

Note que as designações estão em latim. Isso pode ser um desafio para alguns que não estão familiarizados com esse idioma; no entanto, os termos são globalmente consistentes. Não há necessidade de interpretá-los ou traduzi-los para outro idioma.

Os níveis da classificação, do mais alto para o mais baixo, são os seguintes:

  • Reino
  • Filo
  • Classe
  • Ordem
  • Sub-ordem
  • Família
  • Gênero
  • Espécie
  • Sub-espécie

Usando esse sistema, o lobo-cinzento, por exemplo, seria identificado da seguinte forma:

  • Reino: Animalia
  • Filo: Chordata
  • Classe: Mammalia
  • Ordem: Carnivora
  • Sub-ordem: Caniformia
  • Família: Canidae
  • Gênero: Canis
  • Espécies: lupus

Nome binomial

O nome binomial consiste em um nome de gênero e um epíteto específico. Em nomenclatura científica, os nomes de espécies são escritos em itálico. O nome do gênero tem sempre a inicial maiúscula e é escrito primeiro; o epíteto específico segue o nome do gênero e é sempre escrito todo em minúsculas. Não há exceção a isso.

Pelo exemplo acima, observe que as classificações vão do geral (Animalia) para o específico (C. lupus). Uma espécie, por definição, é a combinação do gênero e do epíteto específico, não o epíteto sozinho. Por exemplo, podemos usar o termo lobocinzento, mas não podemos usar só Canis ou só lupus para descrever este animal. A espécie é Canis lupus.

 

Reino animal

Ao escrever, usamos o nome científico e o nome “comum” na primeira menção. Em seguida, escolhemos qual deles vamos usar e fazemos isso de forma consistente.

  • O lobocinzento(Canis lupus) é nativo da América do Norte e da Eurásia.

Nas referências subsequentes, podemos usar o nome comum ou o científico. Se usarmos o nome científico, precisamos usar só a primeira letra do gênero seguida de um ponto e do epíteto específico. Por exemplo:

  • Na América do Norte, o lobocinzento foi caçado quase até a extinção.
  • Na América do Norte, Lupus foi caçado quase até a extinção.

Também é comum referir-se a várias espécies sob um gênero quando pretende apontar algumas características semelhantes dentro de um gênero. Por exemplo:

  • Todas as espécies de Canis são conhecidas por serem de tamanho médio a grande e possuírem crânios grandes.

Você também pode escrever essa mesma informação da seguinte maneira:

  • Canis são conhecidos por serem de tamanho médio a grande e possuírem crânios grandes.

Neste caso, “spp.” é uma abreviação para “várias espécies” (“sp.” é a designação para uma espécie genérica) dentro do gênero. Qualquer um dos itens acima é aceitável. Se você está se concentrando em algumas espécies em particular, você deve se referir ao nome da espécie de cada uma delas.

Você também pode ver um nome científico seguido de uma inicial ou abreviação. Isso é o nome ou a abreviatura do nome da pessoa que descobriu ou nomeou a espécie. Por exemplo, em Amaranto retroflexus L., o “L.” (não em itálico) refere-se ao nome original dado por Lineu.

Exceções

Existem algumas exceções para algumas dessas regras. Primeiro, o nome do gênero deve ser escrito por inteiro se estiver no início de uma frase, mesmo se já tiver sido mencionado antes:

  • Canis lupusfoi caçado quase até a extinção na América do Norte.

Segundo, se mais de uma espécie for mencionada e os gêneros delas forem diferentes, mas tiverem a mesma inicial, os nomes dos gêneros devem ser escritos por inteiro para evitar confusão:

  • Tanto o lobo-cinzento(Canis lupus) quanto o castor (Castor canadensis) são nativos da América do Norte.

Nesse caso, é melhor usar o nome comum após a primeira menção, mas o formato está correto.

Títulos e Cabeçalhos

Nos títulos, é apropriado escrever todo o nome científico em letras maiúsculas. Por exemplo:

  • Um estudo da história do CANIS LUPUS na América do Norte

Se o texto todo já estiver em itálico, o nome da espécie pode ser escrito em estilo não itálico. Por exemplo:

  • Canis lupusestá quase extinto na América do Norte

Reino vegetal

Nomes de plantas também seguem a nomenclatura binomial (semelhante à dos nomes de animais).

  • A grevílea-real (Grevillea victoriae) é encontrada nos Estados australianos de Nova Gales do Sul e Vitória.

No reino vegetal, pode haver uma classificação depois de espécie, em sub-espécie (subsp.) e variedade (var.). Por exemplo, existem três sub-espécies de Grevillea victoriae:

  • Grevillea victoriae victoriae
  • Grevilleavictoriae  nivalis  
  • Grevilleavictoriae  brindabella

Quando a espécie de uma planta é desconhecida, uma planta pode ser referida como, por exemplo, Grevillea sp.

Além disso, quando queremos nos referir coletivamente a algumas ou a todas as espécies de um gênero, usamos Grevillea spp.

De forma semelhante ao que ocorre com os nomes de animais, é comum ver um epíteto específico que se refere a uma área geográfica ou à pessoa que descobriu a espécie, como por exemplo F. Muell, o nome do descubridor da espécie Grevillea victoriae. Embora esses epítetos sejam nomes próprios ou derivados deles, ainda assim são escritos em letras todas minúsculas. Esteja atento para o fato de que alguns editores de texto podem tentar colocar iniciais maiúsculas nessas referências.

Isso é algo a ser verificado ao revisar seu texto.

Nomes de cultivares são ditados pelo Código Internacional de Nomenclatura para Plantas Cultivadas

Ao escrever, o nome do cultivar é adicionado após o gênero ou epíteto específico e é colocado em aspas simples sem itálico. Por exemplo,

  •  Grevillea   ‘Robyn Gordon’       
  •  Grevillea rosmarinifolia   ‘Rosy Posy’

Consistência

Uma das regras básicas da escrita científica é a consistência. Independentemente da sua escolha de nome científico ou comum, você deve manter a consistência. Verifique sempre as orientações da revista para os autores ou guia de estilo ao preparar manuscritos. Formatos para citações e referências, títulos e seções podem ser diferentes. Porém, tenha a certeza de que o formato para escrever nomes científicos é internacionalmente consistente, independentemente da revista pretendida. As regras mencionadas acima ajudarão.

No próximo artigo desta série, discutiremos dicas sobre como escrever nomes de espécies bacterianas em artigos científicos.

Vamos imaginar que o nome comum das espécies que você está estudando tem diversas variações, dependendo da área geográfica. Qual delas você usa e por quê? Que outros desafios você enfrenta ao usar a nomenclatura científica? Compartilhe seus pensamentos conosco na seção de comentários abaixo.

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