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Tudo o que você precisa saber sobre citação coercitiva em periódicos acadêmicos

Você certamente não encontrará facilmente algo sobre este tema procurando pelo termo em português em sites de busca, mas a coercive citation – citação coercitiva, em tradução literal – é um problema que tem cada vez mais sido discutido no meio acadêmico internacional. Veja a seguir tudo o que você precisa saber sobre o assunto.

O que é Citação Coercitiva?

Como o nome já indica, esta é uma questão cujo problema está na coerção, que, em linhas gerais, indica o poder que autoridades possuem de impor regras. No caso da citação coercitiva, editores de periódicos utilizam-se de sua autoridade para induzir pesquisadores que submetem artigos aos periódicos acadêmicos nos quais eles atuam a incluírem em seu texto citações de artigos destes periódicos. Em outros casos, editores se utilizam da mesma prática para forçar citações de artigos seus. Logo, a citação coercitiva é uma forma antiética de alavancar o número de citações de periódicos acadêmicos ou do trabalho de um pesquisador.

O que caracteriza a coerção nestes casos, ou seja, a indução de citações ao invés de sugestão para fins de ajustes no trabalho submetido, é que a indicação vem dissociada da necessidade de ajuste ou de uma discussão acadêmica que a justifique, ficando clara sua condição de imposição sutil para que a publicação do artigo submetido seja realizada.

O Alerta

O que recentemente chamou a atenção da comunidade acadêmica para o problema da citação coercitiva foi uma pesquisa realizada pelos doutores Allen W. Wilhite e Dr. Eric A. Fong, intitulada Coercive Citation in Academic Publishing, e que foi publicada na revista Science 335 (6068) de fevereiro de 2012. Dentre outras coisas, esta pesquisa revelou que cerca de 20% dos trabalhos acadêmicos nas áreas de Economia, Sociologia e Psicologia, além de muitas áreas ligadas a negócios, sofreram de alguma forma com a prática da citação coercitiva.

Razões por trás da Citação Coercitiva

Embora acredite-se que o problema não seja exatamente algo recente, dois fatores podem indicar seu agravamento no contexto atual: índices de avaliação de periódicos acadêmicos que usam o número de citações como principal parâmetro e a cultura do “publicar ou perecer”. O primeiro fator deixa os editores “desesperados” em busca do aumento do número de citações (o que não justifica a postura antiética, mas ajuda a entendê-la), já o segundo fator fragiliza os pesquisadores, tornando-os mais afeitos a cederem a este tipo de assédio.

Outro fator secundário para a disseminação desta prática é a dificuldade em caracterizá-la. Enquanto a autocitação pode ser facilmente identificada e coibida, a citação coercitiva é mais difícil de ser percebida porque envolve vários agentes, sendo fácil subtrair a figura do editor antiético desta equação dada a sutiliza do processo.

Principais alvos

Exatamente por ser algo condenável e que precisa contar com certa fragilidade da parte de quem recebe a imposição da citação coercitiva é que a mesma costuma ser feita a pesquisadores em posições menos privilegiadas. Neste grupos encaixam-se pesquisadores jovens e estrangeiros, além de professores associados e assistentes, ou seja: profissionais que têm maior urgência de publicar para consolidarem sua reputação e descobertas científicas.

Por que é condenável

A prática da citação coercitiva é absolutamente condenável por várias razões. Primeiro porque incorre em abuso de poder por parte de editores, que se utilizam se sua posição para coagir pesquisadores. Segundo porque condiciona a publicação de trabalhos em periódicos acadêmicos a questões que nada têm a ver com a contribuição que os mesmos têm a oferecer à comunidade científica. Isso faz com que a citação coercitiva, antes de mais nada, seja uma corrupção do propósito primeiro do fazer científico, e por isso é um problema que merece ser pautado e debatido, para que sejam pensadas formas de inibi-lo e denunciá-lo.

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