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O compartilhamento de dados gera conflito de interesses?

Uma comunidade acadêmica é um grupo colaborativo de profissionais cujo principal objetivo é fomentar o conhecimento. Mas esse modelo tradicional de colaboração tem perdido espaço em um cenário de poucos recursos e altos níveis de competição. Nesse contexto, compartilhar dados é dar munição ao “inimigo”? O compartilhamento implicaria então em conflito de interesses?

Por que compartilhar?

A primeira razão para aderir a essa prática é o benefício à própria pesquisa acadêmica. O compartilhamento de dados trará mais visibilidade para o seu trabalho e poderá facilitar a criação de parcerias com outros pesquisadores.

Outro fator importante é garantir a possibilidade de reprodução da pesquisa, um aspecto indispensável para o desenvolvimento da ciência. Um dos maiores problemas atualmente, principalmente em pesquisas laboratoriais, é a impossibilidade de replicar muitos dos estudos publicados, em parte porque os dados não são disponibilizados integralmente. Essa ausência de informações pode fazer com que um estudo seja questionado. Já a transparência permite uma relação honesta entre os pares e evita problemas causados por pesquisas nebulosas.

Além da reprodutibilidade, o compartilhamento de dados é importante para impedir que estudos semelhantes sejam conduzidos simultaneamente. Não se trata apenas de evitar o comprometimento do ineditismo, pois diante de um contexto de escassez de recursos, torna-se ainda mais recomendável que esse tipo de coincidência não ocorra, impedindo assim o desperdício de verba.

Possíveis conflitos de interesses

Apesar do estímulo para tornar os dados acessíveis à comunidade, é importante esclarecer que, em algumas situações, o compartilhamento poderá implicar em conflito de interesses. Os mais comuns ocorrem quando:

1) Os dados pertencem à instituição: em muitos casos, as instituições de financiamento têm controle integral sobre os dados e os resultados produzidos. Essa questão é estabelecida contratualmente. Por esse motivo, antes mesmo de considerar a possibilidade de publicação dos dados, o cientista deve conferir as cláusulas do contrato para não ferir o acordo estabelecido.

2) O modo de compartilhamento não é observado com cautela: é fato que a internet permite rápida e intensa divulgação de informações, o que pode beneficiar uma pesquisa. Mas antes de disponibilizar o seu trabalho na rede, é preciso considerar aspectos como: o consentimento dos demais autores da pesquisa, a verificação a respeito da confidencialidade dos dados e, por fim, a análise sobre o nível de comprometimento do ineditismo em caso de compartilhamento do material, o que poderá acarretar em futuras rejeições de determinados periódicos.

3) Há o risco de ser plagiado: sim, ao disponibilizar os seus dados online, você correrá o risco de que eles sejam plagiados. Esse risco aumenta com a disseminação das revistas de acesso livre. Elas possuem um processo de revisão mais rápido, o que pode facilitar a publicação de dados alheios antes mesmo que o verdadeiro autor se dê conta disso. Nesses casos, o pesquisador pode provar a originalidade da ideia a partir das datas de publicação dos dados online e da submissão do trabalho, mas para evitar preocupações, analise detalhadamente o que poderá ser divulgado em canais informais sem comprometer o seu trabalho.

4) A falta de clareza pode prejudicar a divulgação do trabalho: caso decida compartilhar os dados de sua pesquisa, faça isso de maneira clara e cuidadosa, incluindo instruções para garantir que os dados sejam usados corretamente. Os objetivos são divulgar a pesquisa, permitir sua reprodutibilidade e contribuir com a comunidade científica e a clareza poderá auxiliar muito nesses propósitos.

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