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Como Defender uma Dissertação/Tese

A defesa é dos ritos de passagem dos mais temidos, por assim dizer, do meio acadêmico, já que reúne dois processos delicados: ter sua pesquisa avaliada por terceiros e falar em público (o que para muitos é um problema por si só). Apesar disso, o rito deve ser encarado como uma valiosa oportunidade para enriquecer seu trabalho, e não como um ataque às fraquezas da dissertação/tese apresentada, como alguns acreditam ser. Por isso, deixe um pouco de lado a noção ter que você precisa munir-se de argumentos para se “defender” de terceiros – como o nome do processo suscita – e prepare-se para aproveitar ao máximo este importante momento de sua trajetória acadêmica.

Preparativos

Além de procurar relaxar antes da defesa e ter bem claros os principais pontos de seu trabalho para poder argumentá-los com a banca quando for interpelado, você pode tornar este momento menos tenso buscando antecipar aquilo que ocorrerá durante a mesmo.

É sempre interessante assistir a uma defesa do grau que você está prestes a obter antes de defender sua dissertação/tese para saber como são os procedimentos. Ainda que bancas de mestrado e doutorado sejam parecidas, há algumas diferenças – principalmente quanto ao tempo de duração e grau de complexidade das proposições feitas pela banca –, então assistir a uma defesa previamente pode ajudá-lo a ter mais compreensão destes aspectos. Se for possível, assista a defesas cujos trabalhos possuam temas próximos ao seu ou cuja banca seja composta por professoras que estarão em sua defesa, assim poderá conhecer o estilo de argumentação deles.

É sempre aconselhável que se escreva a apresentação do trabalho que antecede a defesa para que você não exceda o tempo determinado e não se perca em sua argumentação. Mas além de antecipar a sua fala, você pode tentar antecipar possíveis pontos que serão levantados pela banca. Caso você faça parte de um grupo de pesquisa, faça uma “defesa teste” antes da defesa oficial para antever questões que poderão ser apontadas pela banca a partir da arguição dos colegas de grupo sobre seu trabalho. Caso você não faça parte de nenhum grupo, pode fazer este teste com seu orientador ou amigos que tenham conhecimento sobre seu trabalho e área de pesquisa.

Apresentação

Geralmente é dado ao aluno de pós-graduação de 20 a 30 minutos para fazer uma breve apresentação sobre seu trabalho e trajetória de pesquisa antes da arguição da banca. Cerifique-se com antecedência sobre quanto tempo terá para esta apresentação prévia e monte um script para não se perder, ainda que a apresentação não precise ser lida.

Inicie sua fala agradecendo à presença da banca, já que sem ela a defesa não seria possível. Após os agradecimentos, apresente sucintamente sua trajetória de pesquisa e resultados obtidos, procurando ressaltar pontos cruciais à contextualização do trabalho, mas sem entrar em detalhes muito específicos, afinal, a banca já leu a dissertação/tese e já tem uma opinião sobre ela. Por isso atenha-se a pontos que acrescentem à leitura da dissertação/tese e esclareça brevemente questões cruciais: Como surgiu o interesse pelo tema? Como chegou ao problema central da pesquisa?; Como o problema originou sua principal hipótese?; Que avanços e descoberta foram feitos?; Que dificuldades foram encontradas? Como foram (ou não) superadas?

Em muitos casos a defesa é aberta ao público e é possível convidar amigos e parentes para prestigiá-lo nesta ocasião. Lembre-se, no entanto, de alertá-los para o código de conduta da defesa, uma vez que a mesma exige silêncio total e não permite que aqueles que assistem manifestem opiniões ou façam perguntas durante o processo.

Defesa

No dia da defesa, não se esqueça de levar uma cópia da dissertação/tese com você com a mesma paginação da cópia enviada à banca, já que certamente você será interpelado sobre pontos específicos do texto e precisará lê-los durante a defesa para sustentar seus argumentos ou esclarecer dúvidas.

Procure responder às argumentações da banca de acordo ao que foi apresentado no trabalho, sabendo reconhecer aquilo que não pôde ser contemplado e justificando os pontos deixados de fora. Lembre-se também de conectar as lacunas deixadas pelo trabalho com futuros projetos de pesquisa que possa ter em vista. A banca sabe que seu objetivo não é esgotar todas as questões referentes ao tema de sua dissertação/tese, mas é importante esclarecer como você concebe os futuros passos da pesquisa no tema para demonstrar que tem domínio sobre o mesmo.

Diante de uma pergunta que não saiba responder, não se apavore; isso é normal e até mesmo esperado. Considerando-se que cada membro da banca enxerga sua dissertação/tese sob o ponto de vista das pesquisas que realizam, é natural que alguma pergunta (e até mesmo mais de uma) fuja ao espectro daquilo que você trabalhou até o momento. Nestes casos, reconheça seu desconhecimento e, se possível, procure reenquadrar e responder a questão dentro de uma perspectiva que lhe seja familiar, justificando sua escolha metodológica.

Anote as observações feitas pelos membros da banca referente às revisões solicitadas para não esquecê-las. Antes de fazer tais alterações, discuta com seu orientador sobre a centralidade das mesmas, uma vez que muitas vezes o tempo dado para revisão da dissertação/tese é curto e a algumas observações feitas pelos membros da banca são mais pertinentes ao enquadramento de pesquisas futuras sobre o tema que a modificações do trabalho apresentado.

Por fim, tenha em mente que as observações e sugestões da banca não são críticas pessoais, mas sim críticas construtivas que têm como principal objetivo ajudá-lo a melhorar a qualidade do seu trabalho e escolher caminhos para pesquisas futuras. E boa defesa!

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