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Dando os créditos devidos em publicações com vários autores

Manuscritos acadêmicos geralmente possuem diversos autores. Novas colaborações entre diversas disciplinas científicas e regiões geográficas levaram ao aumento do número de artigos  com vários autores nos últimos anos, fazendo com que a atribuição devida do papel de colaborador um tópico de importância maior.

Quem fez o Quê? — Uma pergunta cada vez mais importante

Existem diversas maneiras que um pesquisador pode contribuir para uma publicação científica, desde o design da mesma até a condução dos experimentos, análise dos dados ou redação do artigo. Tradicionalmente, o primeiro autor é aquele que contribui mais — e também que receberá o maior crédito. Entretanto, o papel dos outros nem sempre é muito bem definido.  Em muitas áreas de pesquisa, o último autor recebe tanto crédito quanto o primeiro, porque se assume que ele também esteve impulsionando a pesquisa. Entretanto, esta é apenas uma prática informal e está assumpção nem sempre é verdadeira.

Atualmente, a sequência na qual o nome do autor aparece em um artigo pode ser decidida de várias maneiras, pela contribuição, por ordem alfabética, senioridade, ou outros critérios, dependendo do caso. Isto faz com que seja difícil para pessoas de fora da área interpretarem corretamente a lista de autores, tanto em termos das verdadeiras contribuições de cada ou para a avaliação futura de comitês avaliadores.

Colegas, editores, instituições acadêmicas, e agências de fomento estão se tornando cada vez mais interessadas em ver os detalhes individuais de cada contribuição aos projetos de pesquisa. Ranquear o primeiro ou segundo autor em um artigo com dois autores é muito fácil, mas isto se torna cada vez mais complicado conforme o número de autores cresce.

Autores “Convidados” e “Fantasmas”

O critério para atribuição de autoria tem sido discutido ostensivamente, mas infelizmente, duas práticas indesejadas foram identificadas nos últimos anos: a primeira é a do  autor convidado, na qual o nome do autor é incluído na lista de autores embora ele não tenha contribuído para a pesquisa ou na preparação do artigo. Alguns acadêmicos — especialmente jovens, sem experiência de pesquisa — incluem o nome de pesquisadores renomados em seus artigos para conferir uma camada adicional de credibilidade para seus resultados e incrementar suas chances com uma publicação de alto impacto.

O segundo fenômeno é referido como autoria fantasma e acontece quando indivíduos que tiveram participação significativa na pesquisa e na preparação do artigo não são incluídos na lista final de autores. Há diversas razões para isto, por exemplo, quando um autor profissional é usado pelos autores principais, ou quando uma afiliação política ou institucional pode sugerir um conflito de interesses. Ao omitir o nome de alguns autores, as conexões do artigo parecem mais neutras.

CRediT e OpenRIF

Diversas publicações agora pedem para que as contribuições sejam descritas no momento da submissão do artigo — algumas por meio de uma estrutura definida, outros por meio de um texto livre. Ao mesmo tempo, os financiadores das pesquisas estão desenvolvendo novas maneiras de acompanhar os resultados de seus investimentos.

O Consórcio para a Padronização Avançada na Administração de Informações de Pesquisa (CASRAI) é uma organização sem fins lucrativos baseadas no Canada, que criou uma lista padronizada de contribuições de autores chamada de CRediT, que permite que diferentes publicações usem a mesma lista de descrição de colaboradores (ao invés de textos livres), e, portanto, facilitando a análise de dados entre as mais variadas publicações. O CRediT já foi integrado em sistemas de submissão eletrônica, como o Editorial Manager.

A classificação implementada pelo CRediT não está limitada apenas aos papéis tradicionais de autoria mas também inclui outros tipos de contribuições à um trabalho impresso. Todos os participantes devem ser listados, sejam eles listados como autores ou listados na seção de agradecimentos. Um colaborador individual pode receber diversos papéis, e uma mesma função pode ser designada para diversos contribuidores.

Outra ferramenta que pode ajudar à pesquisadores e financiadores na difícil tarefa de dar aos autores e colaboradores o crédito devido por seus trabalhos é a análise da contribuição que está sendo desenvolvida no contexto da OpenRIF, o Open Research Information Framework (Modelo Aberto de Informações sobre a Pesquisa), que está sendo desenvolvido por uma organização de fonte aberta dedicada a desenvolver e promover uma infraestrutura que pode ajudar a comunidade científica a conectar e classificar os dados sobre pesquisadores e suas contribuições para suas pesquisas. Em combinação com outras iniciativas, como a ORCID, SHARE, ou DataCite, o OpenRIF deseja criar uma plataforma mais transparente de informações para financiamentos acadêmicos.

Todas estas estratégias certamente serão de grande apoio para os pesquisadores, financiadores, e publicações acadêmicas, evitando erros de interpretação e reduzindo o número de erros arbitrários na classificação de autorias em publicações acadêmicas. A implementação destas ferramentas é um importante passo na promoção das contribuições científicas multidisciplinares.

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